terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A mulher

A mulher é a flor mais bela
De todo o nosso universo
Se pudesse as colocava
Todas elas num só verso.

Elas são tudo no mundo
Mães, amantes, esposas queridas
Parecem-se com os anjos
Nas tempestades da vida.

Mulher é essência pura
De perfume encantador
Substância extraída
De um cravo chamado amor.

Se a mulher não fosse amor
Jardim não existiria
Pois ela é perfume e flor
E bênção de cada dia.

Provérbios da castanha


Dia de S. Martinho, come castanhas e bebe vinho.
A castanha é de quem a come e não de quem apanha.
A castanha tem uma manha, quem a vê logo a apanha.
Castanha perdida, castanheiro nascido.
Castanha que está no caminho é do vizinho.
Castanha quente só com aguardente, comida com água fria, faz azia.
Castanha semeada, para nascer arrebenta.
Com castanhas assadas e sardinhas salgadas, não há ruim vinho.
Cruas, cozidas ou engroladas, com todas as manhas, bem boas são as castanhas.
Do cerejo ao castanho bem me amanho.
Mas do castanho ao cerejo, bem mal me vejo.
Em Agosto, deve o milho ferver no caroço e a castanha no ouriço.
Mais vale castanheiro do que saco de dinheiro.
Em Janeiro as castanhas valem um carneiro.

domingo, 19 de junho de 2011

Homenagem ao Dr. Barroso da Fonte

Enfim a vasta homenagem
Tardia mas bem merecida
É um exemplo de coragem
Nas amarguras da vida.

Na cultura é o melhor
Empregou o tempo todo
Não há riqueza maior
Do que a cultura de um povo.

Parabéns pela história
Dos vastos conhecimentos
Deixou-nos o seu espólio
Dos momentos de glória
Dos seus nobres sentimentos.

Barrosão de fé e crença
Ilustre filho da terra
Faz dela sua pertença
Do Barroso a sua esfera.

Dos barrosões nobre gente
Qualquer coisa sempre fica
A terra pode ser pobre
Mas a sua história é rica.

Barroso foi e será
A terra do seu encanto
Há muitos homens de cá
Que no Mundo causam espanto.

Chegas de bois

No passado dia 9 de Junho, teve início mais um campeonato das chegas de bois de raça barrosã em Montalegre.
Tiveram lugar duas chegas que não sendo espectaculares, deram para ver alguma coisa. No dia 10, houve mais duas que foram decepcionantes, com os bois a fugirem sem sequer darem a cabeça, uma desilusão para quem não sabe o que são as chegas e às vezes vai de muito longe para ver.
Sei por experiência própria, que o espectáculo das chegas é imprevisível, quando se espera mais às vezes não é quando sai melhor, só quem não anda nisso é que não sabe.
Porém, na minha opinião, os bois que não estão reconhecidos como lutadores, deviam prestar provas antes da competição. Devia haver uma espécie de pré-eliminatória, antes de serem inscritos. Há bois que não enganam, ou não possuem características próprias ou não têm perfil de lutadores. Um boi turrador nem sempre é aquele animal bem estampado e de feições perfeitas que gostamos de ver nos concursos pecuários.
Uns tempos antes, deviam fazer um teste no campo das chegas, dava para ver o comportamento dos animais que não estão habituados a deslocações nos carros, a ida a sítios estranhos, e gente a gritar ao redor deles. Dos que vi, e já foram oito dos doze inscritos, creio que o bicampeão, dificilmente será destronado este ano, porém, o boi do Acácio Lopes de Montalegre é um forte candidato.
No domingo 26 de Junho, teremos assim, uma final antecipada, da luta entre eles, o boi que ganhar nesse dia, será certamente o campeão deste ano.
Os restantes, embora haja alguns com boa pinta e que darão espectáculo, não me parece que tenham estofo para os dois acima citados.
Uma palavra de apreço aos organizadores: quando nos ocupamos de qualquer coisa, todos gostamos que saia bem, não deixem perder o interesse por uma tradição secular, o desporto preferido e mais apreciado dos Barrosões.
AOS CRIADORES:
“Em jeito de conclusão,
A quem ama a profissão
Que conselho posso dar?
Criai bois, lavrai as terras
Tirai proveito das serras
Que muito têm para vos dar.”

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Rescaldo da 44ª edição da Agro Braga

Os produtores de carne e leite reclamam mais medidas de protecção para o sector, o que é normalíssimo, cada qual deve ser pago mediante o que produz. A agricultura na província do Minho, devido ao clima temperado e ameno, é bastante produtiva, composta por gente humilde e trabalhadora, que há séculos granjeia grandes quintas. Preparam produtos próprios para cada época, sabem que os enchidos e o fumeiro têm mais procura no Inverno; o perú e o cabrito, no Natal e na Páscoa. Porém, tudo o que for de qualidade tem sempre saída. Quem produz qualidade devia ter o escoamento da sua produção garantida a justo preço no mercado. Esses corajosos produtores acreditam nas suas potencialidades e para fazerem face à crise não regateiam esforços, alargando a sua capacidade de produção com variadas opções de rentabilidade. Criar gado para os concursos pecuários é uma delas. A Agro - Braga melhorou a olhos vistos. Mais bem organizada e publicitada, a data da sua realização melhor escolhida pois no fim de Março princípio de Abril os dias são maiores, normalmente o tempo está mais quente, os horários alargados permitem mais espaço de tempo aos visitantes, por isso, obviamente foi mais concorrida. Os concursos pecuários repartidos por vários dias dão mais oportunidades aos aficionados e, por conseguinte, mais valor à feira. O interior do pavilhão embora confortável e abrigado, na minha opinião, talvez não seja o local mais apropriado para o efeito. Contudo, é melhor do que estar ao sol ou à chuva. Foram apresentados excelentes exemplares da raça barrosã, merecendo especial louvor a aldeia de Abadim (Cabeceiras de Basto) com meia – dúzia de animais da melhor qualidade. As escolhas do júri na classificação da dita raça, a meu ver, já têm sido mais perfeitas. Estiveram pela primeira vez presentes os militares do Regimento de Cavalaria Nº 6 de Braga, com lindos cavalos e material bélico, acrescentando mais interesse e beleza ao certame. A maquinaria agrícola, o sector alimentar e a floricultura, também estiveram bem representados. É gratificante ver a Agro - Braga renovada e bem estruturada, com animação musical diária, melhor exposição e mais visitantes, recuperando o seu prestígio. Parabéns aos organizadores! As opiniões que ouvi são unânimes: a Agro este ano esteve melhor.

sábado, 2 de abril de 2011

Padre Fontes em Braga

No dia 3 de Março de 2011, o mítico Padre Fontes esteve na Escola Alberto Sampaio, numa das suas palestras sobre medicina popular. Com o auditório da escola a abarrotar, encantou o público, sobretudo jovens estudantes, ávidos de saber os segredos do poder da natureza na prevenção das doenças pelas plantas e a ajuda de cura pela medicina alternativa. O orador deixou bem claro que, embora exista o mal de inveja, o orgulho, a soberba e a avareza, as crenças, o mau-olhado, feitiços, mezinhas, benzeduras com água benta, espíritos, defumadouros enxota diabos, adivinhações, medos, possessões diabólicas, exorcismos e depressões mentais, estas não se curam com bruxarias. Os videntes e os curandeiros encontram nessas pessoas mentalmente debilitadas, matéria apropriada para ganhar a vida. A ciência evolui, mas infelizmente ainda há mentalidades tacanhas que acreditam nessas fantochadas doentias. Na nossa fé, os Santos também são curandeiros, porque recebem diariamente pedidos de ajuda para os fins mais diversos. Se vamos ao S. Bento da Porta Aberta, à Sra. da Livração e à Sra. do Monte, é porque acreditamos. Na sua boa disposição o Padre Fontes respondeu a várias questões, mas quando lhe perguntaram se havia plantas para fazer chás afrodisíacos e abortivos, deu a volta à questão não entrando em pormenores. No meu entender, se essas plantas crescessem nas hortas, não haveria couves em parte nenhuma! Abordou também de forma resumida as plantas que provocam alucinações, contudo, ninguém insistiu sobre o tema. Parabéns amigo Padre Fontes, obrigado pelos seus sábios ensinamentos e conselhos, creio que todos entenderam a sua mensagem. As doenças do foro psicológico existem e devem ser prevenidas e curadas, quer pela medicina convencional quer pela medicina popular. As crenças são distúrbios mentais, fruto dos espíritos fracos e das carências e dificuldades familiares vividas na adolescência, e dos exemplos da nossa existência diária. Oxalá a nossa juventude pare um pouco para reflectir nas verdades destas ocorrências, que causam a ruína da sociedade contemporânea.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Eu gosto das terras do Minho, das paisagens alpestres de Trás-os-Montes, das Lezírias do Tejo, de alguns locais e das vielas de Lisboa, da sumptuosidade e das belezas de Paris. Porém, gosto muito mais da aspereza e da originalidade de Barroso. As rodeiras solitárias dos caminhos da nossa terra, o cheiro da terra lavrada e da lenha queimada, das paisagens que valem tanto como as pessoas… Tenho saudade dos tempos da ajuda comunitária, dos ajuntamentos nos campos e nas eiras, do são convívio que existia entre os habitantes da aldeia, entrava-se na casa do vizinho como se fosse na nossa. Quando alguém batia à porta não se perguntava “quem é?” Respondia-se: “entre”.
Lembro-me da voz sonante de muitos amigos já desaparecidos afoutando ao gado: «à Galante, à Galharda e ao boi». Das idas às feiras, à missa, às festas e aos funerais, sempre em grupo numa saudável amizade de colectividade e união. Hoje é cada vez mais cada um por si, a maquinaria agrícola dispensa a ajuda comunitária nos trabalhos, o automóvel, o dinheiro e a fartura trouxeram o individualismo. Ninguém precisa de ninguém.